Entrevista a André Pestana. "É preciso ter coragem de enfrentar os privilégios de uma minoria"

André Pestana decidiu ser candidato a Belém depois de "um desafio" que dezenas de pessoas lhe fizeram, motivado pela situação do país e o estado da Economia nacional.

Inês Moreira Santos - RTP /
João Marques - RTP

Em entrevista à RTP, o sindicalista e porta-voz do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação defendeu o fim dos "subsídios aos partidos políticos" e das desigualdades sociais, assim como reformas de mil euros.

“Foi um desafio que 50 pessoas, ativistas de várias áreas, me fizeram", admitiu quando questionado, esta segunda-feira à noite na RTP Notícias, sobre as motivações da candidatura.

André Pestana é um dos 11 candidatos à Presidência da República, "sobretudo porque (…) o Governo diz que o país e a Economia vão bem mas, por exemplo, temos cada vez mais pessoas sem-abrigo". 

"Temos, por exemplo, também reformas de miséria. Temos milhares e milhares de salários, dos nossos cidadãos (…) que não permitem ter uma alimentação e uma habitação digna. E temos também situações, atrás de situações, na saúde com urgências fechadas. E agora com a proposta do pacote laboral ainda nos querem explorar mais, ainda querem precarizar mais a nossa juventude”.

Enquanto candidato a presidente da República, o coordenador do movimento sindical S.T.O.P. pretende deixar “uma mensagem de esperança" aos portugueses, "completamente diferente das magistraturas de influência que têm ocorrido nas últimas presidências da República".

Na opinião de André Pestana "os portugueses têm que saber" que, "ao contrário do que nos dizem", "há dinheiro suficiente (...) para todos os que trabalham e vivem em Portugal poderem fazê-lo com dignidade".

"Para isso é preciso ter coragem de enfrentar os privilégios de uma minoria. E, nesse sentido, eu sou o candidato que quer claramente enfrentar e ajudar - porque só se vai conseguir isso com grandes mobilizações sociais (...) e eu quero estar a lado dessas mobilizações", declarou o candidato.André Pestana considera ser o único candidato que quer "acabar com os subsídios milionários, de milhões, aos partidos políticos". Segundo o professor e sindicalista, PSD, PS e Chega vão receber "mais de cinco milhões de euros por ano, além dos milhões que recebem para as campanhas".

Questionado como é que os partidos sobreviviam sem as subvenções, o candidato recordou que estas não existiam "até ao início dos anos 90 e sempre houve vários partidos". E aproveitou para deixar a questão: "Como é que sobrevivem milhares e milhares dos nossos portugueses com salário mínimo, ou perto do salário mínimo?". A proposta de André Pestana é "acabar com este país a duas velocidades": um país "de privilegiados, que vivem claramente acima da nossas possibilidades".

Quanto às condições laborais que levam à "fuga de talentos", o candidato lamentou que os jovens não encontrem em Portugal "trabalho e salário digno". E é por isso que se quer "juntar às populações" e sublinha que "não vai ser um presidente da República sozinho a conseguir mudar; têm de ser as pessoas".

Entre as várias medidas que André Pestana defende uma "reforma digna" de cerca de mil euros e que se diminuam "as desigualdades", numa "sociedade diferente". São as mobilizações sociais, repetiu, que podem garantir que Portugal "consiga Justiça, direitos e dignidade para todos os que cá trabalham".

Esta candidatura de André Pestana, segundo o próprio, "foi construída coletivamente (...) com democracia", porque trabalhar em coletivo "é que nos pode salvar da barbárie social, ecológica, que o mundo e Portugal, por arrasto, está a caminhar".

"Um mundo novo, Portugal diferente para melhor", concluiu.
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